Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; II Timóteo 3:16

Os Três Ministérios da Igreja

Os Três Ministérios da Igreja
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OS TRÊS MINISTÉRIOS DA IGREJA


Nosso ponto de partida na reflexão bíblica acerca dos três ministérios da igreja começa em Atos 13, com a igreja em Antioquia:

“Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre” (Atos 13:1-4).

Vemos nesta passagem três níveis distintos de ministério sendo exercido pelos irmãos da igreja em Antioquia. Observe o que eles faziam:

1) Ministravam ao Senhor.
2) Ministravam uns aos outros (o que vemos na ministração profética).
3) Ministravam aos perdidos (o que vemos na viagem missionária).

A maioria dos crentes em Jesus foi treinada desde o início de sua conversão a colocar o evangelismo (ministério ao mundo) como a prioridade número um da Igreja.

Ouvimos que esta é a primeira tarefa da Igreja, que todos os esforços, sacrifício e dedicação devem se dirigir a este ministério. Mas o que encontramos na igreja em Antioquia, é este tipo de ministério vindo depois de outros dois. E o que quero expor neste capítulo, é que esta é a ordem bíblica dos ministérios da Igreja. Veremos o ministério aos perdidos aparecendo depois dos dois primeiros, não por não ter importância, mas pelo fato de que se torna mais eficaz quando vêm como uma conseqüência dos demais.

Cada crente isoladamente, bem como a Igreja coletivamente, deve entender que não há nada mais importante do que ministrar ao Senhor.

Fomos criados para isto, para ter comunhão com Deus! É certo que o problema do pecado, com a queda de Adão, atrapalhou isto, mas este era o propósito desde o início. E a salvação oferecida pelo Pai Celeste não é um fim em si mesma, mas a maneira de nos devolver ao propósito primário da comunhão e intimidade consigo mesmo.

A obra da cruz visa reconciliar o homem com Deus para que este possa ministrar ao Senhor. O evangelismo é o meio de trazer o homem para Deus, e devemos realizá-lo. Mas a adoração que este homem (agora convertido) oferece a Deus é o verdadeiro propósito de tudo.

Temos invertido nossas prioridades! Só porque o evangelismo seja o ponto de partida ao lidarmos com o perdido, não quer dizer que seja tudo, ou que tenha um fim em si mesmo, mas é a forma de reaproximar o homem e Deus. Mas o relacionamento entre ambos está acima do evangelismo em si.

Observe isto no ensino de Jesus:

“Aproximou-se dele um dos escribas que o ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu-lhe Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses”(Marcos 12:30-31).

Toda a lei se resume em dois mandamentos:

1) Amar a Deus.
2) Amar aos homens.

Podemos destacar aqui o amor vertical (do homem para com Deus) que vem primeiro, antes de qualquer outra coisa em nossas vidas. Depois, vemos o amor horizontal (para com os homens) aparecendo. De modo semelhante podemos afirmar que o ministério ao Senhor vem antes do ministério aos homens.

Mas também vemos neste texto que o ministério aos homens se subdivide em outros dois: ao teu próximo como a ti mesmo. O amor que expressamos para outros está relacionado ao amor que expressamos para nós mesmos. Quem não se ama não irá amar aos outros! E de modo semelhante, o ministério aos homens também se subdivide em dois: aos de dentro e aos de fora:

1) Ministério aos santos.
2) Ministério ao mundo.

A princípio, foi um choque para mim, tentar colocar o crente na frente do não-crente em nossas prioridades ministeriais. Acho que isto é algo semelhante ao sentimento que temos nas instruções de segurança antes da decolagem dos aviões; quando a aeromoça explica que em caso de despressurização da aeronave, máscaras cairão sobre os assentos e que devemos primeiro colocá-las em nós mesmos para depois colocá-las nas crianças, parece injusto. A primeira impressão que temos é a de que devemos mais atenção às crianças do que a nós mesmos, mas o fato é que se não estivermos em boas condições para continuarmos ajudando, as próprias crianças perderão com isto!

Há textos bíblicos que são muito claros em colocar o crente na frente do não-crente na prioridade de ministério: “Então, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gálatas 6:10).

Este versículo está nos dizendo que primeiro se deve fazer o bem aos que são da família da fé, para depois fazermos o bem aos não-convertidos. Esta é a regra.

Já percebi na minha própria vida e na de muitos outros a quem tenho pastoreado uma verdade: quando temos algum problema com os irmãos, seja por feridas ou desentendimentos, nossa produtividade no Reino sofre uma queda considerável. Não nos sentimos animados em trazer pessoas novas para um ambiente que estamos considerando hostil. É por isso que primeiro precisamos ministrar a nós mesmos para depois ministrarmos aos de fora.

Alguns cristãos não concordam com esta idéia sob hipótese alguma. Parecem reconhecer como amados de Deus somente os perdidos; mas ninguém deixa de ser amado por Deus porque já se converteu!

Esta pessoa ainda precisa de nosso cuidado e, em nossas escala de prioridades, deverá estar à frente daquela que ainda não se converteu. Nossa desatenção e desamor aos novos-convertidos podem pôr todo trabalho anterior a perder; é por isso que Paulo escreveu: “Não faças perecer [...] aquele por quem Cristo morreu” (Romanos 14:15).

Uma igreja que não se ama a ponto de ministrar aos seus, não expressará amor genuíno aos de fora!

Pode até mostrar produtividade e capacidade de alcançar metas, mas da mesma forma que com o amor ao próximo, o ministério também começa pelo lado de dentro.

Esta é uma ordem que Deus mesmo estabeleceu: Ele, em primeiro lugar, e os santos em segundo. O ministério aos perdidos não é, necessariamente, o último, e sim a conseqüência dos dois primeiros ministérios sendo bem exercidos.

Tenho observado que toda igreja que tem os dois primeiros ministérios como ênfase, não encontram dificuldades para ter resultados no exercício do ministério aos perdidos. Porém, muitos que tentam começar (ou mesmo se limitar) no ministério aos perdidos acabam não sendo tão bem-sucedidos quanto àqueles que agem de modo correto.

Este é um princípio bíblico, de modo que esta figura pode ser encontrada até mesmo nos textos do Velho Testamento:

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a toda terra está cheia da sua glória. E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.  Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;  E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado. Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim."  (Isaías 6:1-8).

Nesta visão de Isaías encontramos em ordem progressiva os três ministérios:

1) Ministério ao Senhor (visto na adoração dos serafins).
2) Ministério aos santos (visto na edificação pessoal de Isaías – o toque da brasa).
3) Ministério ao mundo (visto no apelo que Deus faz e ao qual o profeta responde).

Deus, em sua soberania, deixou ilustrações destas três expressões de ministérios em toda a Escritura. Veja, por exemplo, o que aconteceu no dia de Pentecostes:

1) Os discípulos estavam no Cenáculo orando (Atos 1:14) – o que é uma expressão de ministério ao Senhor.
2) Então Deus corresponde e ministra aos santos o enchimento do Espírito Santo (Atos 2:1-4).
4) E a conseqüência final é que milhares foram salvos – o exercício do ministério ao mundo (Atos 2:37-41).

No ministério ao Senhor, a oração, juntamente com a adoração, vem sempre em primeiro lugar. No entanto, quantas vezes ouvi dizer que o período de louvor era meramente a "preparação para a palavra"! Sou um pregador da Palavra de Deus, mas reconheço que isto está classificado na segunda expressão de ministério (aos santos – quando os ensinamos) ou mesma na terceira (aos incrédulos – quando os evangelizamos).

Porém, a adoração vem em primeiro lugar. E não visa preparar o coração de ninguém, e sim ministrar ao coração de Deus.

Igrejas adoradoras provarão mais do poder de Deus do que qualquer outra, pois quando nos achegamos a Deus, Ele também se achega a nós (Tiago 4:8).

E a oração também deve ser assim destacada: “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graça por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso salvador, o qual deseja que todos se salvem e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”(1 Timóteo 2:1-4).

Quando Paulo escreve a Timóteo, manda que antes de tudo (clara indicação de prioridade) se faça a prática de orações; isto fala de ministério ao Senhor. O resultado disto fará com que os santos sejam ministrados por Deus com uma vida mansa e tranqüila, e os ajudará a cumprir sua grande comissão: ...o qual deseja que todos se salvem.

Muitas vezes programamos todo o culto com a preocupação de atingir o não-crente, e acredito que devemos pensar neles, e que certas práticas nossas que fazem sentido, quando estamos somente entre cristãos, não devam ser usadas quando temos não-crentes nos visitando numa reunião (como o falar em línguas, por exemplo – 1 Coríntios 14:23). Contudo, nossa ênfase da reunião semanal precisa ser voltada para o ministério ao Senhor e não somente para os perdidos.

Deus está chamando Seu povo a uma clara consciência destes três níveis de ministério. Portanto, devemos reorganizar nossas práticas e valores, ajustando-nos ao modelo bíblico.
 



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