O SENHOR AÇOITA
Em Hebreus 12:6, a Bíblia diz que "o Senhor Deus corrige a quem ama, e açoita a qualquer que recebe como filho".
Açoitar é chicotear. À primeira vista não nos parece uma coisa lógica e aceitável o Senhor Deus açoitar quem recebe por filho... E este tipo de mensagem não faz parte da "lista de mensagens mais comuns" que se ouvem em nossas igrejas.
Já de muito tenho ministrado que há uma ignorância muito grande acerca de Deus entre os amados freqüentadores de uma das igrejas de Cristo. A maior parte dos que freqüentam nossas igrejas não estará nela dentro de dois ou três anos. Talvez mais, talvez menos... muito menos...
Essa rotatividade tem muitos e variados motivos. Na presente gostaria de analisar e detalhar, dentro do espaço que me permite esta folha, apenas uma delas: o tratamento que Deus dispensa a todos quantos O procuram (a repreensão e os açoites).
Para um melhor entendimento do que preciso colocar, preciso lembrar que antes que existíssemos, a Bíblia diz que existiam Deus e seus anjos que O adoravam e O serviam. Uma parte desses anjos se levantou contra Deus. E eles foram expulsos dos Céus. Então nós fomos criados para ocupar o lugar dos anjos caídos, para glorificar o Senhor nosso Deus.
E Deus não vai permitir que haja uma outra rebelião nos céus. Uma outra terra, um outro céu. Aqueles que forem ocupar o lugar dos anjos que caíram, têm que ser absolutamente fiéis e submissos a Deus.
Neste sentido, todos nós estamos sendo submetidos a um processo de metamorfose a fim de que sejamos transformados de vis, perversos e imundos pecadores em santos, puros, imaculados e irrepreensíveis filhos de Deus.
Esse é o motivo pelo qual milhares de pessoas abandonam nossas igrejas: não suportam o tratamento de Deus.
Todos nós fomos formados numa forma defeituosa chamada "pecado". E todos nós, candidatos a uma vaga de anjo, precisamos ser libertos da pecaminosidade que nos afasta de Deus.
Quem não tem arrancada de si a sua pecaminosidade continua orgulhoso, arrogante, prepotente, altivo, egoísta, egocêntrico, vaidoso, avarento, falso, cobiçoso, ganancioso, impuro, vingativo, e etc, etc, etc.
Deus quer que todos nós estejamos para sempre consigo em sua gloria, em sua companhia, em comunhão com seu Espírito. Por isso precisa nos santificar. Entende?
A cada dia que passa o Espírito de Deus precisa ir enchendo, dominando, crescendo, expandindo-se dentro de nós, de nossa alma, espírito, coração e corpo. Essa expansão do Espírito dentro de nós se traduz na mudança de nosso comportamento (Ef.4:22-32; Fil.4:8; Col. 3:1-9; I Tes.4:1-7).
Não basta ter aceitado a salvação. Não basta estar freqüentando uma igreja. Quem é dominado pela carne (natureza humana, decaída e pecaminosa) não está apto para assumir o lugar de um anjo (Apo.21:8 e 22:15; Gal.5:19-21; Ef.5:5).
Há quanto tempo você está na Igreja? O quanto de sua carnalidade Deus já arrancou de você? 50%? 25%? 10%? 5%? 1%? Nada?
O teu comportamento (externação de tua personalidade) é o mesmo do ano passado? De 2, 3 ou 5 anos atrás? Quais aspectos de tua personalidade sofreram alguma mudança dede que você está na igreja?
Você está disposto a permitir que Deus te santifique?
Você vai permanecer na igreja mesmo em meio às lutas, adversidades, humilhações, divergências, injustiças, desprezo, difamação, opressão, incompreensão, solidão, abandono, perseguições e escândalos? (II Cor.11:23 a 28)
A tua resposta vai determinar a tua permanência na igreja, e a obra de Deus em teu coração, em tua vida. Vai garantir uma vaga na glória do Senhor, como anjo de Deus para toda a Eternidade.
PARTE 2
Na primeira parte da presente, fizemos referência ao tratamento que Deus dispensa a quem ama e recolhe como filho.
O texto-base é Hebreus 12:6 - o Senhor Deus corrige a quem ama, e açoita a qualquer que recebe como filho.
E foi dito que não basta ter aceitado a salvação que há em Cristo. Não basta estar freqüentando uma igreja. Como também não basta cantar, pregar, dirigir cultos e louvores. Quem é dominado pela carne (natureza humana, decaída e pecaminosa) não está apto para assumir o lugar de um anjo (Apo.21:8 e 22:15; Gal.5:19-21; Ef.5:5).
Contudo, temos visto crescer o número de pregadores que transmite a idéia de que Deus age tal e qual uma avó arrependida que quer dar aos netos todo o carinho, toda a atenção, todo o cuidado que não deu aos filhos. Avós que estão dispostas a fazer qualquer coisa para que seus netos não chorem. Dispostas a serem chantageadas, dispostas a adular, bajular e subornar seus netos.
Deus quer ter seus filhos em sua companhia por toda a Eternidade. Quer gozar de nossa presença, de nossos louvores e de nossa adoração para sempre.
Para tanto, nós precisamos estar aptos, habilitados, preparados para recebermos os poderes, e a glória que é devida, que é inerente à sua condição.
O Senhor nosso Deus não pode permitir que uma pessoa falsa, mentirosa, arrogante, prepotente, gananciosa, ambiciosa, ciumenta, e com tantos outros defeitos, ou "traços da carne", vamos assim dizer, seja transformada em anjo.
Assim, toda a nossa carnalidade precisa ser retirada, num processo lento, gradual e doloroso chamado "santificação", através do qual o Espírito de Deus vai tomando conta de nosso ser.
Para que o Espírito de Deus nos domine, o nosso espírito carnal, pecaminoso, vendido sob a escravidão do pecado, precisa ser arrancado.
Precisamos ser transformados num processo que pode ser chamado de "metamorfose". Entre outros, metamorfose é o processo pelo qual as lagartas (asquerosos, nojentos, alguns gordos e venenosos manduruvás e taturanas) são transformadas em lindas, graciosas e aladas borboletas.
Daí porque eu preciso dizer uma coisa que não é do conhecimento da maioria das pessoas que freqüentam conosco uma das igrejas de Cristo: a maior preocupação de Deus não é com a nossa felicidade. Pelo menos não a felicidade como as pessoas imaginam.
A felicidade não nos garante uma vaga na glória. A santificação, sim. Desta forma, a maior preocupação de Deus é com a nossa santificação.
Não é Deus, e nem é a igreja que precisa se adequar ao cristão. É o contrário: é o cristão que precisa se adequar à igreja, aos desejos, à intenção de Deus descritos na Bíblia.
E nesse processo de transformação, de santificação é que entra a passagem que ora estudamos: Deus repreende a todos quanto ama, para que não sejam condenados como o mundo (I Cor.11:32). Se necessário (e na maior parte das vezes é) açoita aqueles a quem quer bem...
A cada dia que passa precisamos ir nos adequando ao padrão de perfeição de Deus. Esse padrão é descrito nas bem-aventuranças de Mateus 5. Deus precisa que todos nós alcancemos a humildade de espírito, o choro, a mansidão, a sede e a fome de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, e a qualidade de pacificador que faz parte da personalidade dos anjos que adoram a Deus.
Volto a repetir: Deus não tem outra oportunidade senão a nossa vida terrena para nos santificar, para nos transformar, para nos tornar prontos para assumir o lugar e a função de anjos. Mais do que anjos, pois julgaremos os anjos que caíram (I Cor.6:3).
Então, nestes anos todos que você está na igreja: quanto de tua carnalidade já foi tirada de tua alma, de teu espírito, de teu coração?
PARTE 3
Na primeira parte da presente, fizemos referência ao tratamento que Deus dispensa a quem ama e recolhe como filho. Na segunda parte explanamos um pouco mais sobre o assunto, dizendo que a maior preocupação de Deus não com a nossa felicidade e sim com a nossa santificação.
Gostaria de concluir assunto (pelo menos por ora), falando sobre os tais açoites de que fala a Bíblia. Em que consistem os tais açoites? À primeira vista parece que Deus seria um ser perverso, cruel e impiedoso. Aliás essa é a idéia que muitos fazem de Deus, como se fosse como os deuses greco-romanos, que tinham prazer na dor e na aflição dos seres humanos, que descarregavam em forma de desastres e catástrofes a sua ira e sua frustração.
Os povos antigos interpretavam as tempestades, as pestes, a seca e as enchentes como a ira dos deuses. Hoje, há muitos que pensam que Deus, estando irritado e decepcionado com os cristãos, ou com a humanidade, estaria a mandar as desgraças como forma de castigo (AIDS, guerras, flagelos, câncer).
Entre os cristãos diz-se que Deus "pesa a mão", numa referência ao Salmo 32.
No Antigo Testamento há várias referências ao castigo de Deus que eram anunciados pelos profetas. Tais "castigos", é preciso que se fique claro, não eram o desejo e a intenção de Deus, não eram a vontade direta do coração de Deus, mas uma necessidade, uma decisão judicial.
Há duas passagens que deixam isso bem claro, e é sobre as tais que se funda esta parte da mensagem. A primeira é em Jeremias 13:15-19 que diz: "dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que tropecem os vossos pés nos montes tenebrosos, antes que esperando a luz Ele a converta em trevas e amargamente chorarão os meus olhos porquanto o rebanho do Senhor foi levado cativo.".
A segunda é também em Jeremias 2:13 e 19, que dizem: "o meu povo fez duas maldades: primeiro, a mim me deixaram o manancial de águas vivas, e, segundo, cavaram para si cisternas, cisternas rotas que não retém água. A tua malícia te castigará, as tuas apostasias te ........... Vê, pois, qual mau e quão amargo é deixares o Senhor teu Deus, e não teres contigo o meu temor."
Deus não age tal e qual uma avó arrependida que faz tudo para que seu neto não chore. Mente, briga, tem chiliques, ataca, adula, suborna, e tudo o que seja necessário para livrar seu neto da dor e das lágrimas.
Deus age de acordo com a sua Palavra. Há uma coisa que Deus não pode fazer, em toda a sua glória, em toda a sua Onipotência, em toda a sua majestade: Deus não pode mentir; Deus não pode pecar contra a sua Palavra. O que está escrito na Bíblia precisa acontecer, sob pena de ser atacado pelo Diabo.
O castigo de Deus a que se refere o versículo em questão consiste em Deus permitir que colhamos o fruto de nossos pecados, as conseqüências de nossos atos.
Quando estamos debaixo da sombra do Onipotente descansamos. Quando saímos dessa sombra, não temos mais descanso (Salmo 91:1).
Temos a proteção de Deus quando e enquanto estamos em sua presença. Não temos essa proteção quando dela saímos. Se temos nossos pecados perdoados, nossa comunhão com Deus se restabelece. Se cometemos pecado nossa comunicação com Deus é cortada, bloqueada, interrompida (Isaías 59).
Não podemos desfrutar dos prazeres do pecado e da presença de Deus de forma concomitante.
A imediata e irremediável conseqüência do pecado é a perda da comunhão, da comunicação, da manifestação da glória, do poder, da alegria, e do gozo do Espírito de Deus em nos. Esse é o castigo e o açoite de que falam a Bíblia.