Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; II Timóteo 3:16

Sobre Lançar Pérolas Aos Porcos

Sobre Lançar Pérolas Aos Porcos
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SOBRE LANÇAR PÉROLAS AOS PORCOS

 
"Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas." (Mateus 7:6)
 
Dada a ênfase, nos versículos precedentes, à compaixão para com as faltas dos outros, a linguagem do Senhor aqui pode parecer um tanto surpreendente. Não é como se Jesus nunca usasse fortes metáforas para descrever a atitude espiritual de certas pessoas. Ele se referiu a Herodes Antipas como "essa raposa" (Lucas 13:32) e aos fariseus como "serpentes, raça de víboras." (Mateus 23:33)
 
Mas esta passagem difere. Nenhum grupo específico de homens está sendo visado.
 
"Cães" e "porcos" não se referem aos gentios ou a certa classe de pecadores extraordinariamente repreensível. Eles são simplesmente figuras nas proverbiais afirmações, nos moldes de 2 Pedro 2:22. Ambos os provérbios ilustram a futilidade de tentar oferecer algo de grande valor a alguém incapaz de apreciá-lo.
 
"O que é santo refere-se aos sacrifícios do Velho Testamento, que só os sacerdotes podiam comer" (Êxodo 29:23; Levítico 2:3).
 
O significado especial deste alimento sagrado seria totalmente perdido num cão vadio (não os cães de estimação de Mateus 15:26-27), que simplesmente o engoliriam sem saboreá-lo mais do que se fosse um pedaço de lixo podre.
 
De maneira similar, não adianta tentar ensinar aos suínos o valor especial das pérolas, que qualquer porco que se preze alegremente pisotearia, para correr a comer a mais repulsiva lavagem. Nenhuma gratidão por tal generosidade deveria ser esperada dessas partes. Sua resposta pode ser mais do que indiferente; pode ser violenta.
 
 
Como estes provérbios se ajustam ao contexto das palavras anteriores de Jesus sobre o julgamento severo?
 
Eles provêm uma ponderação importante. Mesmo que homens falíveis, pecadores, estejam mal preparados para ter parte no severo julgamento de seus pares, não se espera deles, portanto, que olhem os homens com ingenuidade.
 
Ao enviar os doze a ensinar, Jesus advertiu: "Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mateus 10:16).
 
A precaução do Senhor não era cínica, porém prudente.
 
Ele quer que seus discípulos sejam inteiramente inofensivos em seu relacionamento com outros, mas ao mesmo tempo que reconheçam que nem todos os homens têm fé e que alguns serão instigados à animosidade pelo evangelho.
 
 
Que aplicação o Senhor pretende que façamos destes provérbios que quase parecem estar fora de seu contexto?
 
Os próprios discípulos que estão sendo exortados a não oferecerem coisas santas e preciosas aos desinteressados.
 
É muito mais provável que Jesus esteja advertindo seus seguidores a não forçarem o evangelho nos ouvidos desinteressados e indiferentes.
 
Suas palavras não pretendem ser desdenhosas ou depreciativas e não se aplicam aos descrentes como uma classe, mas àqueles cujo espírito torna-os incapazes de entender o evangelho (Romanos 8:7; 1 Coríntios 2:14).
 
Mais tarde, ele dá quase o mesmo conselho aos Doze, instando com eles para que preguem aos "dignos", mas para que não percam o seu tempo com aqueles que não os ouvirão (Mateus 10:11-14).
 
Triste como é, há algumas pessoas que, não importa quão pacientemente ensinadas, simplesmente não têm "ouvidos para ouvir" (11:15; 13:13-14).
 
Há uma importante lição para aprendermos em tudo isto.
 
Podemos ter um especial desejo de ensinar e converter a Cristo uma certa pessoa ou grupo de pessoas. Pode ser um ente querido ou um amigo especial, ou mesmo uma classe especial ou nação de pessoas.
 
Não há nada de errado em tal profundo desejo pela salvação de outros, mas não deve cegar-nos quanto ao seu desinteresse e indiferença e o desperdício de esforço que poderia ser melhor empregado em corações mais receptivos.
 
A paciência é boa, mas não devemos continuar sempre a tentar tirar água de um poço evidentemente seco. Outros corações estão almejando ouvir. Estes são aqueles que necessitamos estar à procura.
 
É uma coisa de partir o coração ser diariamente testemunha do estado perdido de seus próprios filhos, pais, esposa, esposo, amigos.
 
 
Que vamos fazer quando aqueles que amamos são tão desinteressados?
 
O Senhor está nos dizendo, "Saia e ensine os filhos de alguma outra pessoa, a mãe e o pai de alguma outra pessoa."
 
Paulo tinha esta dura experiência. Ele amava sua nação com paixão absoluta (Romanos 9:1-3), mas ela não tinha "ouvidos para ouvir".
 
 
Que teve ele que fazer?
 
Ainda orando por seus perdidos irmãos na carne (Romanos 10:1), ele se voltou para investir suas energias naqueles cujos corações eram mais receptivos, os gentios (Atos 13:46-48; 18:6).
 
Eles não eram "seu tipo de pessoas". Eles eram moralmente corruptos, degradados, idólatras; mas eles estavam querendo ouvir e aprender.
 
Quando aqueles em nossa própria comunidade, nosso próprio povo, não respondem positivamente ao evangelho, precisamos procurar outras comunidades, outro povo, e pregar a eles.
 
 
O evangelho e o tempo são muito preciosos para serem desperdiçados com aqueles que não se importam.
 
O mesmo podia ser dito de pregadores que trabalham ano após ano com igrejas que não mostram nenhum interesse em crescer em Cristo ou cumprir sua grande obra.
 
Estes pregadores precisam deixar estas rotinas sem esperança e juntar seu trabalho com discípulos que, ainda que atrasados agora, estão abertos e querendo aprender e crescer.
 


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