SAINDO DA CARNE
“Digo, porém: Andai no Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gálatas 5:16,17)
Vivemos em guerra vinte e quatro horas por dia; sete dias por semana. Trata-se de uma batalha ininterrupta, não só contra os demônios mas contra a nossa própria carne. O apóstolo Paulo declarou que via em seu corpo uma guerra entre seu homem interior - que tinha prazer na lei de Deus, e a sua carne - que se via dominada pela lei do pecado.
Deus nos comissionou a vencer a carne; e podemos fazê-lo!
Esta é uma das áreas onde o Espírito Santo veio ministrar em nossas vidas para nos conduzir a um viver santo, vitorioso. E os benefícios do uso da linguagem de oração no espírito estão diretamente ligados às áreas de ação do Espírito do Senhor em nós. Em suma, se é ministério do Espírito nos fazer vencer a carne, então é certo que o falar em línguas nos auxiliará no tocante a esta área. E somente andando no Espírito venceremos os desejos e inclinações da carne.
O capítulo áureo na Bíblia sobre andar no Espírito e massacrar a carne é Romanos 8. No capítulo 7 Paulo declara que passava o conflito interior que todos nós também passamos: “o bem que quero este não faço, e o mal que não quero este faço”. Depois faz a pergunta: “quem me livrará do corpo desta morte?”, externando assim a sua incapacidade de vencer a carne. Muitos pensam que esta pergunta ficou sem resposta; mas não!
Logo a seguir, ele mesmo afirma: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor.” (Romanos 7:25)
E o capítulo 8 revela como Jesus Cristo nos dá esta vitória. Temos a provisão de Cristo para vencermos. E da mesma forma como havia dito aos gálatas que o segredo de não cumprir os desejos da carne é ANDAR NO ESPÍRITO, o apóstolo também o diz em outras palavras aos crentes de Roma.
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:2)
Há duas leis em funcionamento na vida dos que servem a Deus: A DE VIDA E A DE MORTE!
Enquanto a lei do Espírito vivifica, a lei do pecado mata.
No verso 6 lemos: “Porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do espírito é vida e paz”. Mas nesta exposição das leis, temos mais do que um mero contraste entre uma e outra; as Escrituras estão nos dizendo que uma lei é maior e sobrepõe a outra. A lei do Espírito da vida NOS LIVRA da lei do pecado e da morte!
Graças a Deus! Embora a lei operante na maioria dos homens seja a do pecado, nós temos o antídoto: a lei do Espírito da vida. Quando a segunda entra em operação, a primeira é anulada. Basta andar no Espírito, acionando voluntariamente esta lei, e você experimentará a vitória. Caso contrário, jamais agradará a Deus:
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:7,8)
O que é estar na carne?
É viver a vida sem Cristo, desprovida por completo da lei do Espírito. Este não é o caso dos cristãos verdadeiros, pois o texto prossegue dizendo:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. Romanos 8:9
Depois desta declaração profunda, de que ninguém que serve a Cristo está desprovido do Espírito Santo para vencer, Paulo estabelece claramente ONDE cada uma das duas leis opera: a do pecado, na carne; e a do Espírito da vida, em nosso próprio espírito.
“Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça”. Romanos 8:10
O quê, exatamente, significa a expressão “corpo morto por causa do pecado”?
Fala da operação da lei do pecado na nossa carne; mais à frente o escritor usa o termo “corpo mortal”. Mas assim como a carne está sob a lei do pecado, nosso espírito, por sua vez, está sob a vida; ou seja, tem nele a operação do Espírito da vida! Enquanto a Bíblia chama nossa carne de corpo morto (ou mortal), chama nosso espírito de vivo (ou vivificado) e diz que esta vida do espírito pode fluir para o corpo, anulando a lei da morte.
“E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”.
Romanos 8:11
Durante muito tempo achei que este versículo só se aplicava à ressurreição do corpo, por ocasião da vinda de Jesus. Mas hoje vejo claramente que este “vivificar o corpo mortal” fala da lei do Espírito da vida anulando a lei do pecado e da morte na carne já neste tempo presente.
Resumindo, só vencemos a carne pelo operar do Espírito Santo em nós: “porque, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Rm.8:13). Não há outro meio de vencer a carne, a não ser anulando esta lei mortal do pecado mediante o poder e ação do Espírito de vida.
O CATIVEIRO DO PECADO
Para melhor enxergarmos a atuação do Espírito Santo quebrando o domínio do pecado e da carne em nossas vidas, precisamos reconhecer que Paulo trata a lei do pecado como sendo um cativeiro:
“Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros”. Romanos 7:22,23
Preste atenção na frase usada pelo escritor “levando cativo”. É nesta linha de raciocínio que ele declara em Romanos 8:15 que não recebemos o “espírito de escravidão”. A lei do pecado e da morte, é na verdade, uma escravidão.
Depois o raciocínio deste cativeiro do pecado se estende e apresenta a própria criação (ecossistemas) escravizada e ansiando pela libertação:
“Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus.
Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade dos filhos de Deus.
Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos, aguardando a nossa adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” Romanos 8:19-23
E a Palavra de Deus traça um paralelo entre a natureza e a humanidade nestes termos: ambos estão no “cativeiro da corrupção”; ambos aguardam a libertação; e ambos possuem a mesma linguagem de desabafo neste anseio de serem livres: os gemidos. Tanto a natureza como a humanidade gemem. E estes gemidos são uma verdadeira oração por libertação que será atendida! E logo a seguir, veremos Paulo usando a frase “do mesmo modo também o Espírito”... A Bíblia Sagrada está dizendo que assim como a criação e a humanidade gemem, ASSIM TAMBÉM o Espírito Santo geme! Não geme por necessitar de libertação, mas geme em nós, levando-nos a uma oração por libertação mais eficaz. E é exatamente neste ponto que aparece a oração no Espírito Santo ligada ao vencer a carne:
“Do mesmo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por com gemidos inexprimíveis”.Romanos 8:26
Somos ajudados na fraqueza. E que fraqueza é esta? O contexto de todo o capítulo - e mesmo dos anteriores - fala de uma só fraqueza: a inclinação da carne. A única maneira de vencer a carne é com a ajuda do Espírito. E como Ele nos ajuda? Visto que não sabemos orar como convém, o Espírito intercede por nós... A linguagem sobrenatural de oração é o auxílio que o Pai nos deu para que vençamos a carne; é usando o falar em línguas que conheceremos o toque liberador de vida do Espírito Santo.
É interessante também, o significado desta palavra traduzida como “ajuda” (ou assiste). No original grego é sunantilambanomai, que quer dizer “pegar firme contra algo, juntamente com”. Tal palavra cabe bem no exemplo de alguém que ajuda outro a carregar algo pesado, como um piano. É literalmente “pegar a outra ponta do peso”, o que reflete, na verdade, uma sociedade. É ajuda em parceria.
Agora veja bem, quando falamos do nosso espírito, pelo Espírito Santo dentro em nós, orando em línguas, isto não lhe sugere uma sociedade também?
Aleluia! Deus nos deu uma poderosa arma contra a inclinação da carne, e devemos usá-la dia após dia. Sei muito bem na prática, que, à medida que oramos mais em línguas nossa carne é enfraquecida. O próprio exercício do espírito nos faz mais consciente da presença de Deus e nos alerta para as sutis armadilhas da carne.
Orar em línguas é ter a ajuda do Espírito Santo contra as fraquezas da carne; é tê-lo como parceiro, “pegando a outra ponta do peso” e nos auxiliando quanto a um peso que não podemos carregar sozinhos. O cativeiro da corrupção da lei do pecado em nossa carne é quebrado ao gemermos e orarmos no Espírito. Ele intercede por nós, pois de nós mesmos não saberíamos faze-lo de forma correta. E se Ele ora da forma correta por nosso meio ao falarmos em línguas, podemos ter a certeza que assim veremos a resposta!
A Bíblia não diz que o Espírito Santo intercede por nós lá no céu. Mas que o Espírito de Deus intercede ATRAVÉS de nós QUANDO falamos em línguas. A única incumbência bíblica do Espírito Santo quanto à oração é nos ajudar a orar, não orar em nosso lugar. Então, se queremos vencer, devemos intencional e deliberadamente investirmos tempo na oração no Espírito.
Vencer as fraquezas da carne é, portanto, mais um dos múltiplos benefícios do falar em línguas dados para a nossa plena vitória.
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